Fitossociologia dos estratos arbóreo e de regeneração natural em um povoamento de acácia-negra (<i>Acacia mearnsii</i>, De Wild.) na região da Floresta Estacional Semidecidual do Rio Grande do Sul.

Autores

  • Silas Mochiutti UFSM
  • Antonio R. Higa
  • Augusto A. Simon

DOI:

https://doi.org/10.5902/19805098458

Palavras-chave:

planta invasora, regeneração natural, estrutura, composição florística.

Resumo

O presente estudo analisa a composição e a estrutura da regeneração de espécies nativas arbóreas em um povoamento de acácia-negra, estabelecido há 16 anos em área ripária, e verifica a possibilidade da acácia-negra constituir-se numa invasora desse ambiente. O estrato arbóreo (circunferência a 1,3 m de altura (CAP) ≥15 cm) foi avaliado em 12 parcelas de 100 m2, alocadas em quatro blocos perpendiculares a maior pendente da área. O estrato de regeneração natural (0,3 m de altura a CAP <15 cm) foi amostrado em duas subparcelas de 9 m2, demarcadas em vértices opostos de cada parcela. O estrato arbóreo apresentou 26 espécies de 14 famílias e o estrato de regeneração natural 49 espécies de 23 famílias. O índice de diversidade de Shannon para espécie, considerando as parcelas como um todo, foi de 2,60 e 3,06 para os estratos arbóreo e de regeneração natural respectivamente. Entre as espécies nativas, Casearia sylvestris, Myrsine lorentziana e Zanthoxylum petiolare apresentaram o maior valor de importância no estrato arbóreo e Faramea marginata, Myrsine lorentziana e Myrcia glabra a maior densidade no estrato de regeneração natural. As características ecológicas das espécies encontradas nos diversos estratos de altura indicaram que o processo de sucessão florestal está em evolução. A acácia-negra não se regenerou na área e as árvores plantadas estão em senescência, sendo encontradas somente cem plantas/ha, que representa apenas 4,5% da população original. Dessa forma, a acácia-negra não se constitui numa possível invasora desse ambiente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRAF. Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2006. Brasília, 2007. 80 p.

ANDRAE, F.H.; PALUMBO, R.; MARCHIORI, J.N.C.; DURLO, M.A. O sub-bosque de reflorestamentos de pinus em sítios degradados na região da Floresta Estacional Decidual no Rio Grande do Sul. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 15, n. 1, p. 43-63, 2005.

AUER, C.G.; SILVA, R. Fixação de nitrogênio em espécies arbóreas. In: CARDOSO, E.J.B.N.; TSI, M.; NEVES, M.C.P. Microbiologia do solo. Campinas: Universidade Estadual de São Paulo, 1992. p. 160-167.

BACKES, P.; IRGANG, B. Árvores do Sul: guia de identificação e interesse ecológico. Santa Cruz do Sul: Programa Clube da Árvore, Instituto Souza Cruz, 2002. 328 p.

CALEGARIO, N.; SOUZA, A.L.; MARANGON, L.C.; SILVA, A.F. Parâmetros florísticos e fitossociológicos da regeneração natural de espécies arbóreas nativas no sub-bosque de povoamentos de Eucalyptus. Revista árvore, Viçosa, v. 17, n. 1, p. 16-29. 1993

CAMPELLO, E.F.C. A influência de leguminosas arbóreas fixadoras de nitrogênio na sucessão vegetal em áreas degradadas na Amazônia. Viçosa: UFV, 1999. 121 p. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1999.

CARVALHO, P.E.R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Colombo: Embrapa CNPF, 1994. 640 p.

CARVALHO, P.E.R. Espécies arbóreas brasileiras. Colombo: Embrapa Floresta, 2003. v. 1, 1039 p.

CARVALHO, P.E.R. Espécies arbóreas brasileiras. Colombo: Embrapa Floresta, 2006. v. 2, 627 p.

CHADA, S.S.; CAMPELLO, E.F.C.; FARIA, S.M. Sucessão vegetal em uma encosta reflorestada com leguminosas arbóreas em Angra dos Reis, RJ. Revista Árvore, Viçosa, v. 28, n. 6, p. 801-809, 2004.

CONNEL, J.H.; SLATYER, R.O. Mechanisms of succession in natural communities and their role in community stability and organization. American Naturalist, v. 111, p. 1119-1144, 1977.

ESPÍNDOLA, M.B.; BECHARA, F.C.; BAZZO, M.S.; REIS, A. Recuperação ambiental e contaminação biológica: aspectos ecológicos e legais. Biotemas, Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 27-38, 2005.

FREIRE, J.M.; PORTELA, R.; SANTANA, C.A.A.; SANTOS, C.J.; FARIA, S.M. Regeneração natural sob plantios com predominância de Leucaena leucocephala (Lam.) De Wit., Mimosa caesalpoiniifolia Benth. e plantio com maior diversidade de espécies em Madureira, RJ. In: FOREST, Porto Seguro, 2000. Anais...Porto Seguro: Biosfera, 2000. p. 181-183.

HEALEY, S.P.; GARA, R.I. The efecto of a teak (Tectona grandis) plantation on the establishment of native species in an abandoned pasture in Costa Rica. Forest Ecology and Management, v. 176, p. 497-507, 2003.

HEAR - Hawaiian Ecosystems at Risk Project. Acacia mearnsii. Disponível em <http://www.hear.org/pier/species/acacia_mearnsii.htm> Acesso em 22 fev. 2005.

HENDERSON, L. The Southern African Plant Invaders Atlas (SAPIA) database and bibliography. In: MACDONALD, I.AW. et al. (Ed.). Invasive Alien Species in Southern Africa: National Reports e Directory of Resources. Cape Town: Global Invasive Species Programme, 2003. p. 91-125.

IBGE. Mapa de vegetação do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/servidor_arquivos_geo> Diretório: mapas/tematicos/mapas_murais/ vegetacao.pdf Acesso em 14 Fev. 2006.

KANNEGIESSER, U. Apuntes sobre algunas acacias australianas: Acácia mearnsii De Willd. Ciência e Investigación Forestal, Santiago, v. 4, n. 2, p. 198-212, 1990.

LOMBARDI, J.A.; MOTTA JR, J.C. Levantamento do subbosque de um reflorestamento monoespecífico de Pinus elliottii em relação as síndromes de dispersão. Turrialba, v. 42, n. 4, p. 438-442, 1992.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v. 1, 1992. 352 p.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v. 2, 1998. 368 p.

LOWE, S.; BROWNE, M.; BOUDJELAS, S.; De POORTE, M. 100 of the World’s Worst Invasive Alien Species: A selection from the Global Invasive Species Database. Auckland: ISSG/SSC/IUCN, 2004. 12 p.

LUGO, A.E. The apparent paradox reestablishing species richness on degraded lands with tree monocultures. Forest Ecology and Management, v. 99, n. 1,2, p. 9-19, 1997.

MAGURRAN, A.E. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University Press, 1988. 179 p.

MARTINS-CORDER, M.P; BORGES, R. Z.; BORGES JUNIOR, N. Fotoperiodismo e quebra de dormência em sementes de acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.). Ciência Florestal, Santa Maria, v. 9, n. 1, p. 71-77, 1999.

MOCHIUTTI, S.; HIGA, A.R.; SIMON, A.A. Susceptibilidade de ambientes campestres a invasão de acácia-negra (Acacia mearnsii DE WILD.) no Rio Grande do Sul. Revista Floresta, Curitiba, v. 37, n. 2, p., 2007.

MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Willey & Sons, 1974. 547 p.

NAPPO, M.E.; OLIVEIRA FILHO, A.T.; MARTINS, S.V. A estrutura do sub-bosque de povoamentos homogêneos de Mimosa scabrella Bentham, em área minerada, em Poços de Caldas, MG. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 10, n. 2, p. 17-29, 2000.

NAPPO, M.E.; GRIFFITH, J.J.; MARTINS, S.V.; MARCO JR, P.; SOUZA, A.L.; OLIVEIRA FILHO, A.T. Dinâmica da estrutura fitossociológica da regeneração natural em sub-bosque de Mimosa scabrella Bentham em área minerada, em Poços de Caldas, MG. Revista Árvore, Viçosa, v. 28, n. 6, p. 811-829, 2004.

NERI, A.V.; CAMPOS, E.P.; DUARTE, T.G.; MEIRA NETO, J.A.A.; SILVA, A.F.; VALENTE, G.E. Regeneração de espécies nativas lenhosas sob plantio de Eucalyptus em área de cerrado na Floresta Nacional de Paraopeba, MG, Brasil. Acta Botânica Brasílica, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 369-376, 2005.

OLIVEIRA FILHO, A. Estudos ecológicos da vegetação como subsídio para programas de revegetação com espécies nativas: uma proposta metodológica. Cerne, Lavras, v. 1, n. 1, p. 64-72. 1994.

PARROTTA, J.A.; TURNBULL, J.W.; JONES, N. Catalyzing native forest regeneration on degraded tropical lands. Forest Ecology and Management, v. 99, n. 1,2, p. 1-7, 1997a.

PARROTTA, J.A.; KNOWLES, O.H.; WUNDERLE JR, J.M. Development of floristic diversity in 10-year-old restoration forests on a bauxite mined site in Amazonia. Forest Ecology and Management, v. 99, n. 1,2, p. 21-42, 1997b.

PIETERSE, P.J.; BOUCHER, C. Is Burning a Standing Population of Invasive Legumes a Viable Control Method? Effects of a Wildfire on an Acacia mearnsii Population. Southern African Forestry Journal, n. 180, p. 15-21. 1997.

REIS, A.; ZAMBONIN, R.M.; NAKAZONO, E.M. Recuperação de áreas florestais degradadas utilizando a sucessão e as interações planta-animal. São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 1999. 43 p.

REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1988. 525 p.

RICHARDSON, D.M. et al. Naturalization and invasion of alien plants: concepts and definitions. Diversity and distribuitions, v. 6, p. 93-107. 2000.

RIO GRANDE SO SUL. Macrozoneamento agroecológico e econômico do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura e Abastecimento, 1994. 307 p.

RONDON NETO, R.M.; BOTELHO, S.A.; FONTES, M.A.L.; DAVIDE, A.C.; FARIA, J.M.R. Estrutura e composição florística da comunidade arbustivo-arbórea de uma clareira de origem antrópica, em uma Floresta Estacional Semidecidua Montana, Lavras-MG, Brasil. Cerne, Lavras, v. 6, n. 2, p. 79-94. 2000.

SAPORETTI JR., A.W.; MEIRA NETO, J.A.A.; ALMADA, R. Fitossociologia de sub-bosque de cerrado em talhão de Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden no Município de Bom Despacho-MG. Revista Árvore, Viçosa, v. 27, n. 6, p. 905-910, 2003.

SARTORI, M.S.; POGGIANI, F.; ENGEL, V.L. Regeneração da vegetação arbórea nativa no sub-bosque de um povoamento de Eucalyptus saligna Smith. localizado no estado de São Paulo. Scientia forestalis, Piracicaba, n. 62, p. 86-103, 2002.

SCHUMACHER, M.V.; BRUN, E.J.; RODRIGUES, L.M.; SANTOS, E.M. Retorno de nutrientes via deposição de serapilheira em um povoamento de acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.) no Estado do Rio Grande do Sul. Revista Árvore, Viçosa, v.27, n.6, p.791-798, 2003.

SEMA. Relatório final do inventário florestal contínuo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Sema, 2001. Disponível em < http://coralx.ufsm.br/ifcrs/frame.htm > acesso em 18 Fev. 2006

SILVA JR., M.C.; SCARANO, F.R.; CARDEL, F.S. Regeneration of an Atlantic forest formation in the understorey of a Eucalyptus grandis plantation in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, v. 11, p. 147-152, 1995.

SHERY, S.P. The Black Wattle (Acacia mearnsii De Wild.). Pietermaritzburg: University of Natal Press, 1971. 402 p.

STEIN, P.P.; TONIETTO, L. Black Watle Silviculture in Brazil. In: BROWN, A.G.; KO, H.C. (Ed.). Black Wattle and its Utilization. Barton: RIRDC, 1997. p. 78-82.

VELOSO, H.P.; RANGEL-FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro; IBGE, 1991. 124 p.

WUNDERLE JR, J.M. The role of animal seed dispersal in accelerating native forest regeneration on degraded tropical lands. Forest Ecology and Management, v. 99, n. 1,2, p. 223-235, 1997.

Downloads

Publicado

30-06-2008

Como Citar

Mochiutti, S., Higa, A. R., & Simon, A. A. (2008). Fitossociologia dos estratos arbóreo e de regeneração natural em um povoamento de acácia-negra (<i>Acacia mearnsii</i>, De Wild.) na região da Floresta Estacional Semidecidual do Rio Grande do Sul. Ciência Florestal, 18(2), 207–222. https://doi.org/10.5902/19805098458

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)