ABORDAGEM SISTÊMICA E APLICAÇÃO DE RUGOSIDADES PARA DESENCADEAR PROPRIEDADES EMERGENTES EM RESTAURAÇÃO DE SOLOS DEGRADADOS

Autores

  • Juarês José Aumond
  • João Paulo de Maçaneiro

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509815737

Palavras-chave:

restauração ecológica, pensamento sistêmico, internalização, microtopografias

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/1980509815737

Baseado na Teoria Geral dos Sistemas desenvolveu-se um modelo ecológico para a restauração dos ecossistemas, cujos solos estejam muito degradados, tratando o ecossistema como um sistema dinâmico complexo, hipersensível às condições iniciais de preparação do solo. Partindo da hipótese de que os ecossistemas degradados são sensíveis às condições iniciais de preparação do solo, avaliou-se a técnica das rugosidades (variações do relevo, alternando superfícies côncavas e convexas) para desencadear, ao longo do tempo, propriedades emergentes que aceleram o processo de restauração ecológica. Os ecossistemas degradados podem ser entendidos como sistemas organizacionalmente abertos, como uma estrutura dissipativa, em que fluem matéria e energia, irreversivelmente. A principal tarefa, em restauração ecológica, em áreas que tiveram o solo degradado consiste em obter a internalização da matéria e da energia para induzir o sistema ao fechamento organizacional. As rugosidades, representadas pelas microtopografias do solo, constituem uma técnica eficiente na internalização de matéria, retendo água, sedimentos, matéria orgânica, nutrientes e sementes. As variações do relevo desencadeiam, ao longo do tempo, mudanças ambientais de uma forma dinâmica e heterogênea que influenciam as interações entre a radiação solar, a umidade e os nutrientes, criando oportunidades diferenciadas para as espécies vegetais e animais. Deve haver uma concentração orientada para as estruturas de fluxos e de processos existentes entre o ecossistema degradado (sistema) e o ambiente (vizinhança). Nessa abordagem dedica-se uma concentração especial nas inter-relações entre o sistema degradado e o ambiente. Para restauração ecológica, cuja área esteja com solo degradado, como a mineração e a pecuária, propõe-se uma nova abordagem sistêmica integradora na qual as rugosidades do solo possam desencadear espacial e temporalmente, padrões e propriedades ambientais emergentes devido à hipersensibilidade às condições iniciais de preparação do terreno.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANAND, M.; DESROCHERS, R. E. Quantification of restoration success using complex systems concepts and models. Restoration Ecology, v. 12, n. 1, p. 117-123, 2004.

ARONSON, J. et al. What Role Should Government Regulation Play in Ecological Restoration? Ongoing Debate in São Paulo State, Brasil. Restoration Ecology, v. 19, n. 6, p. 690-695, 2011.

AUMOND, J. J. Teoria dos Sistemas: uma nova abordagem para recuperação e restauração ambiental. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AMBIENTAL. Itajaí. Anais... Itajaí: Univali, p. 10-16, 2003.

AUMOND, J. J. Adoção de uma nova abordagem para recuperação de área degradada pela mineração. 2007. 265 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2007.

AUMOND, J. J. Reflexões sobre a necessidade de uma nova abordagem na reconstrução dos ecossistemas degradados. In: TRES, D. R.; REIS, A. Perspectivas sistêmicas para a conservação e restauração ambiental: do pontual ao contexto. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 2009. p. 45-60.

AUMOND, J. J. et al. Abordagem sistêmica e o uso de modelos para recuperação de áreas degradadas. Revista Árvore, v. 36, n. 6, p. 1099-1118, 2012.

BERTALANFFY, L. V. Teoria geral dos sistemas. Brasília: Petrópolis: Vozes. 1975.

BLUM, W. E. H. Basic concepts: degradation, resilience, and rehabilitation. In: LAL, R. et al. Methods for assessment of soil degradation. New York: CRC Press, 1998. p. 1-16.

BRANCALION, P. H. S. et al. Instrumentos legais podem contribuir para a restauração de florestas tropicais biodiversas. Revista Árvore, v. 34, n. 3, p. 455-470, 2010.

BROWN, S.; LUGO, A. E. Rehabilitation of tropical lands: a key to sustaining development. Restoration Ecology, v. 2, n. 2, p. 97-111, 1994.

BUCHHOLZ, K. Effects of minor drainages on woody species distributions in a successional floodplain forest. Canadian Journal of Forest Research. v. 11, n. 3, p. 671-676. 1981.

CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix. 1996. 256 p.

CARVALHO, D. A. et al. Distribuição de espécies arbóreo-arbustivas ao longo de um gradiente de solos e topografia em um trecho de floresta ripária do Rio São Francisco em Três Marias, MG, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 28, n. 2, p. 329-345, 2005.

DURIGAN, G. et al. Normas jurídicas para a restauração ecológica: uma barreira a mais a dificultar o êxito das iniciativas?. Revista Árvore, v. 34, n. 3, p. 471-485, 2010.

ELDRIDGE, D. J. et al. Soil-surface characteristics, microtopography and proximity to mature shrubs: effects on survival of several cohorts of atriplex vesicaria seedlings. Journal of Ecology. v. 79, n. 2, p. 357-364, 1991.

ENGEL, V. L.; PARROTTA, J. A. Definindo a restauração ecológica: tendências e perspectivas mundiais. In: KAGEYAMA, P. Y.; OLIVEIR, R. E.; MORAES, L. F. D.; ENGEL, V. L.; GANDARA, F. B.. Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais. Botucatu: FEPAF, 2008. p. 1-26.

GRIME, J. P. Biodiversity and Ecosystem Function: The Debate Deepens. Science, v. 277, n. 5330, p. 1260-1261, 1997.

GRIFFITH, J. J.; TOY, T. J. O modelo físico-social da recuperação ambiental. Brasil Mineral, v. 22, n. 242, p. 166-174, 2005.

GRIFFITH, J. J. Pensamento sistêmico aplicado ao ensino de recuperação ambiental e restauração ecológica. In: TRES, D. R.; REIS, A. Perspectivas sistêmicas para a conservação e restauração ambiental: do pontual ao contexto. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 2009. p. 31-44.

GUERRA, A. J. T. O inicio do processo erosivo. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. M. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p. 17-55.

HARDIN, E. D.; WISTENDAHL. W. A. The effects of floodplain trees on herbaceous vegetation patterns, microtopography and litter. Bulletin of the Torrey Botanical Club. v. 110, n. 1, p. 23-30, 1983.

HOBBS, R. J.; HARRIS, J. A. Restoration Ecology: repairing the Earth’s ecosystems in the new Millennium. Restoration Ecology, v. 9, n. 2, p. 239-246, 2001.

KEDDY, P. A.; ELLIS, T. A. Seedling recruitment of 11 wetland plant species along a water level gradient: shared or distinct responses?. Canadian Journal of Botany. v. 63, n. 10, p. 1876-1879, 1985.

KOBIYAMA, M. et al. Áreas degradadas e sua recuperação. Informe Agropecuário, Belo Horizonte. v. 3, n. 25, p. 10-17, 2001.

MACIEL, J. Elementos de teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes. 1974.

MOLLER, A. P.; SWADDLE, J. P. Asymmetry, Developmental Stability, and Evolution. Oxford: Oxford University Press, 1998. 304 p.

MORAES, L. F. D. et al. Restauração florestal: do diagnóstico de degradação ao uso de indicadores ecológicos para o monitoramento das ações. Oecologia Australis, v. 14, n. 2, p. 437-451, 2010.

MOSER, K. F. et al. The Influence of Microtopography on Soil Nutrients in Created Mitigtion Wetlands. Restoration Ecology, v. 17, n. 5, p. 641-651, 2009.

NAEEM, S.; LI, S. Biodiversity enhances ecosystem reliability. Nature, v. 390, n. 6659, p. 507-509, 1997.

O’CONNOR, I. M. The art of system thinking: Essencial skills for creativy and problem solving. London: Thorsens. 1997. 264 p.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 434 p.

OLIVEIRA-FILHO, A. T. et al. Estrutura fitossociológica e variáveis ambientais em um trecho da mata ciliar do córrego dos Vilas Boas, Reserva Biológica do Poço Bonito, Lavras (MG). Revista Brasileira de Botânica, v. 17, n. 1, p. 67-85, 1994.

OOSTING, H. J. An ecological analysis of the plant communities of Piedmont, North Carolina. American Midland Naturalist. v. 28, n. 1, p.1-126, 1942.

PARROTTA, J. A. The role of plantation forests in rehabilitating degraded tropical ecosystems. Agriculture, Ecossystems and Environment, v. 41, n. 2, p. 115-133, 1992.

PRIGOGINE, I.; GLANSDORFF, P. Termodynamic Theory of Structure, Stability and Fluctuations. Wicey: Nova York. 1997.

PRIGOGINE, I.; STENGER, I. Order out of Chaos. Bantam: Nova York. 1984.

REGENSBURGER, B. et al. Integração de técnicas de solo, plantas e animais para recuperar áreas degradadas. Ciência Rural, v. 38, n. 6, p. 1773-1776, 2008.

REIS, A. et al. Nucleation in tropical ecological restoration. Scientia Agricola. v. 67, n. 2, p. 244-250, 2010.

ROSSELL, I. M. et al. Succession of a Southern Appalachian Mountain Wetland Six Years following Hydrologic and Microtopographic Restoration. Restoration Ecology, v. 17, n. 2, p. 205-214, 2009.

SCHLINDWEIN, S. L. Do sistema de restauração ambiental à restauração ambiental sistêmica: orquestrando uma conversa sistêmica sobre restauração ambiental. In: TRES, D. R.; REIS, A. Perspectivas sistêmicas para a conservação e restauração ambiental: do pontual ao contexto. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 2009. p. 17-29.

SER. Society for Ecological Restoration International. Princípios da SER International sobre a restauração ecológica. Versão 2. 2004.

SHABALA, S. et al. Observations of bifurcation and chaos in plant phisiological responses to light. Australian Journal of Plant Phisiology, v. 24, n. 1, p. 91-96, 1997.

SOUZA, G. M.; BUCKERIDGE, M. S. Sistemas complexos: novas formas de ver a Botânica. Revista Brasileira de Botânica, v. 27, n. 3, p. 407-419, 2004.

SOUZA, G. M.; MANZATTO, A. G. Hierarquia auto-organizada em sistemas biológicos. In: D’Ottaviano, I. M. L.; Gonzáles, M. E. Q. Auto-organização: estudos interdisciplinares. CLE/UNICAMP, Campinas, v. 30 p. 153-173, 2000.

TODD, M. C. L. et al. Litter cover as an index of nitrogen availability in rehabilitated mine sites. Australian Journal of Soil Research. v. 38, n. 2, p. 423-434, 2000.

Downloads

Publicado

30-09-2014

Como Citar

Aumond, J. J., & Maçaneiro, J. P. de. (2014). ABORDAGEM SISTÊMICA E APLICAÇÃO DE RUGOSIDADES PARA DESENCADEAR PROPRIEDADES EMERGENTES EM RESTAURAÇÃO DE SOLOS DEGRADADOS. Ciência Florestal, 24(3), 759–770. https://doi.org/10.5902/1980509815737

Edição

Seção

Artigo de Revisão